Após 53 anos, Estados Unidos e Cuba retomarão relações diplomáticas


O presidente norte-americano, Barack Obama, deu ontem um passo histórico ao anunciar a normalização das relações dos Estados Unidos com Cuba, deixando para trás mais de meio século de confrontos e sanções entre os dois países. “Dei instruções ao secretário (de Estado John) Kerry a fim de que inicie de imediato discussões com Cuba para restabelecer relações diplomáticas que estão interrompidas desde janeiro de 1961”, afirmou Obama na Casa Branca, em Washington.
 
Como consequência desta instrução, afirmou Obama, “os Estados Unidos vão restabelecer uma embaixada em Havana e altos funcionários visitarão Cuba. Numa nota oficial, Kerry informou que a subsecretária para o Hemisfério Ocidental (América Latina e Caribe), Roberta Jacobson, viajará em janeiro a Cuba para iniciar as discussões.

“Espero ser o primeiro secretário de Estado a visitar Cuba em mais de 60 anos”, declarou. Obama também revelou ter instruído Kerry a “revisar a designação de Cuba como Estado que patrocina o terrorismo”.

O presidente dos EUA admitiu que existe uma história difícil entre Washington e Havana. Porém se declarou disposto a iniciar “um novo capítulo”. Obama recordou que nasceu em 1961, depois que as duas nações já tinham rompido relações diplomáticas e pouco antes que os Estados Unidos oferecessem apoio à invasão na baía dos Porcos, por parte de milicianos cubanos, o que terminou em desastre. De acordo com o chefe de Estado norte-americano, não serve aos interesses dos EUA nem dos cubanos “empurrar Cuba para o colapso”. Ele também mencionou detalhes do telefonema na terça-feira passada que manteve com o presidente cubano, Raúl Castro, um contato sem precedentes em mais de meio século.
 Bloqueio lamentado
Num pronunciamento simultâneo ao de Obama, Raúl Castro anunciou em Havana que, durante conversa por telefone com Obama, acertou “o restabelecimento das relações diplomáticas” com os EUA. Lamentou, no entanto, que ainda seja mantido o bloqueio econômico sobre a ilha. O presidente dos EUA não pode sozinho pôr fim ao embargo econômico americano, que foi aprovado pelo Congresso e requer ação dos legisladores para ser revogado.
“Acertamos o restabelecimento das relações diplomáticas. Isto não quer dizer que o principal tenha sido resolvido: o bloqueio econômico”, disse Raúl. Ele confirmou, também, a libertação de três agentes cubanos presos nos EUA, assim como as do funcionário terceirizado do Governo de Washington, Alan Gross, e de um “espião de origem cubana” a serviço de Washington, na ilha do Caribe. “Chegaram hoje (ontem) à nossa pátria Gerardo (Hernández), Ramón (Labañino) e Antonio (Guerrero)”, os três cubanos que continuavam presos nos EUA, dos cinco agentes detidos em 1998 e condenados a longas penas por espionagem.

Tanto Obama quanto Castro fizeram questão de agradecer ao papa Francisco pela ajuda que o pontífice deu no processo de aproximação dos dois países. Imediatamente, a Secretaria de Estado do Vaticano confirmou o envio de duas cartas do sumo pontífice a Raúl Castro e a Barack Obama. Também confirmou que a Santa Sé recebeu delegações dos dois países em outubro. (das agências de notícias)

Frases

ESSES 50 ANOS MOSTRARAM QUE O ISOLAMENTO NÃO FUNCIONOU. É TEMPO DE UMA NOVA ABORDAGEM”

Barack Obama, presidente do Estados Unidos

PRECISAMOS APRENDER A ARTE DE CONVIVER DE FORMA CIVILIZADA COM NOSSAS DIFERENÇAS”

Raúl Castro, presidente de Cuba